entre a poeira
o ruído
e os corpos cansados  

entre a mais-valia
o estranhamento
e os uniformes sujos

no meio da tarde
numa fábrica qualquer
e de repente

um trabalhador
por segundos
parou a máquina 

esmagado nas engrenagens



4 comentários:

Anônimo disse...

Cá estou eu novamente, sabe o que me lembra esse poema meu caro(a) poeta...aquele poema do Mineiro de Itabira "stop. Avida parou ou foi o automóvel" poderia até dizer que nesse caso o automovel parou a vida. Não sei exatamente se vc estava pensando nesse poema e talvez seja até viajem minha. E o que mais assusta são os segundo, por segundo a maquina parou por conta da vida, como se os segundos fossem mais importantes para maquina que para vida. Logo a maquina mais importante que a vida.

Essa é boa.

JC disse...

Olá. Valeu. Com certeza esse poema tem a ver com Cota Zero (que você cita). Assim como tem a ver com Cidadezinha Qualquer, também de Drummond e também do livro Alguma Poesia. O Gênio de Itabira é uma pedra no meio do meu caminho, é muito difícil escapar das suas construções e fórmulas. Muito do que tento dizer ele já disse e com indiscutível superioridade.

No caso específico desse poeminha (Maquinário), lembro de que estava lendo Manuel Bandeira, não me recordo exatamente quais poemas. Os versos surgiram no meio do escritório. O ano era 2001. Este poeminha sobreviveu aos coices do critério do tempo, é um dos poucos.

Forte abraço

Anônimo disse...

Nossa não imaginei que fosse um poema tão antigo, legal essa sobrevivencia e esse apego ao drummond, mas mesmo tendo muitos poemas semelhantes aos do drummond vejo algumas inovações. Por exemplo um pouco de Quintana, é que sou meio suspeito(a) para dizer algo já que sou apaixonado(a) pela obra do drummond, mas estou vendo seu trabalho há algum tempo e estou gostando muito. Espero continuar a aprecia-lo.

Grande beijo e forte abraço
Anônimo(a)

JC disse...

Oi Anônimo(a). Muito obrigado pelo carinho. Drummond e Quintana... Que time. Que dupla de ataque. Fariam uns cinco mil gols rsrs. Não sou grande conhecedor da obra do Quintana. Mas acabei de publicar uns versos (Cirandinha) que talvez tenham esse “pouco” do poeta de Alegrete/RS. Espero que gostes.

Forte abraço