COMUNICADO Nº 002/2019

Considerando os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade e liberdade de expressão; comunicamos que este blogue voltará a ser atualizado apenas em 20 de janeiro de 2020.


Dando tudo por bom, firme e valioso; paramos por aqui.

CORDEL DO DELEGADO POETA

Quinta-feira de manhã
Que me veio a novidade,
Delegado deu patada
No couro da autoridade.
Reinaldo Lobo seu nome.
Riacho Fundo a cidade.

O preso no meio da cela,
Seu crime? Receptação.
Ladrão de motocicleta
Apodrece na prisão,
Como se fosse poeta
Na doutrina do Platão.

O inquérito da ocorrência
Vai para a promotoria.
É costume corriqueiro
Em qualquer delegacia
Relatar um ocorrido
Conforme a burocracia.

Até aqui vai tudo bem,
Rotina do dia-a-dia,
Se não fosse o Doutor Lobo
Incorrer em rebeldia,
Relatando a detenção
Em forma de poesia.

Essa eu nunca tinha visto,
Mas se mantém o ditado:
A lei nunca é para todos.
Se repete o velho fado.
Proletário é quem trabalha.
Burguês manda no Estado.
  
Bandido veste gravata.
Assalta, mata, decreta.
Tem riqueza e capital.
Acumular é sua meta.
Isso todo mundo sabe.
Mas delegado poeta?

Então lanço desafio:
Dr. Lobo, se tens magia,
Como em teu verso foi dito,
Se tu amas a poesia.
Vai prender o bom burguês
Que me rouba a mais valia.



COMUNICADO Nº 001/2019

Considerando os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade e liberdade de expressão; comunicamos que este blogue voltará a ser atualizado apenas em 05 de agosto de 2019.


Dando tudo por bom, firme e valioso; paramos por aqui.
 VILA RICA - 1809

Dezessete e trinta:
As cores se empurram
no céu meio azul,
meio rosa, meio laranja.
O dia derrete
atrás dos morros,
como os sonhos
de ouro.

Dezoito horas:
O sino bate
na pele da cidade.
O futuro escorrega
pelas ladeiras.
Sombras e árvores
de pedra e fogo.
Igrejas e casas
de ferro e sangue.

Dezoito e trinta:
Quantas dores
do Aleijadinho?
Quantos mortos
no Morro da Forca?
Quantos pecados
em cada freguesia?
Quantos soterrados
em cada mina?
Quantos fantasmas
sob o calçamento?



MILAN KUNDERA 90

Sempre me deparei com livros de Milan Kundera nos sebos. Lembro-me do nome enigmático registrado nas lombadas brancas (a maioria das edições tinham lombadas brancas). Eram filas às vezes com dez ou mais livros de alguém que eu desconfiava ter sido best seller, ainda que não soubesse se Milan era uma escritora ou um escritor, nem de onde era aquela escritora ou aquele escritor, que só depois soube tratar-se de um tcheco exilado na França.

Foi a desconfiança em relação aos best sellers que me impediu de chegar antes aos livros de Milan Kundera. É um princípio que costuma funcionar e que adoto sempre: se a boiada vai para um lado, siga para o outro lado. Kundera é a exceção que confirma a regra. A insustentável leveza do ser foi o livro de ficção mais vendido no Brasil em 1985 e 1986. É, provavelmente, o que explica a presença ostensiva do autor nos sebos. Roberto Piva: "O dia que eu vencer alguma coisa, vou me perguntar onde foi que errei." Também a provocação do poeta paulistano não se aplica ao romance do escritor tcheco. A insustentável leveza do ser é uma obra primorosa, apesar de ser campeã de vendas. Fardo pesado? Leveza insuportável? Detalhe desnecessário? 

Não cabe aqui especular por que o romance se tornou best seller, mas, uma coisa é certa, quando, no futuro, alguém discorrer sobre a Primavera de Praga, passará pelos textos de Milan Kundera, especialmente A insustentável leveza do ser O livro do riso e do esquecimento. O romancista é legítimo herdeiro de Cervantes e da Primavera de Praga, esse "segundo soberbo" da humanidade, esse segundo tão soberbo quanto cuidadosamente escondido, já que incomoda a direita (em geral) e a esquerda (estalinista). Primavera de Praga: encontro mágico do espírito zombeteiro do romance, herança de Cervantes, com as possibilidades de libertação colocadas pelo socialismo, herança dos que recusaram a exploração.

Num final de semana qualquer aluguei dois filmes, eram: Perfume de mulher (original italiano) e A insustentável leveza do ser (baseado no romance de Kundera). Foi meu primeiro contato com o escritor tcheco. Por coincidência, a película italiana também é baseada num romance, e ambas são boas. Posteriormente, Kundera proibiu filmagens baseadas em seus textos, a principal razão é a ideia de que o cinema é incapaz de explorar o que só o romance pode dizer. Como trabalhar questões conceituais nas películas? O filme A insustentável leveza do ser, apesar de ter quase 3 horas, praticamente ignora temas chave do romance, como o kitsch, o eterno retorno e até a contradição peso x leveza. Em 1995, no centenário do cinema, o ex-professor de história do cinema, Milan Kundera, publicou um texto chamado Esta festa não é minha, sugerindo, com saborosa elegância, que o cinema comercial havia derrotado e prevalecido sobre o cinema de arte (outra razão para entender a proibição a adaptações de textos kunderianos). 

Ainda demoraria alguns anos para os livros de Kundera integrarem o meu cardápio literário. O que só ocorreu quando um camarada me entregou A insustentável leveza do ser e disse: "você precisa ler esse livro". Daquele dia em diante li toda a obra do escritor tcheco, alguns livros duas, três ou mais vezes. As paixões literárias, ainda que não sejam infinitas, são certamente mais duradouras do que as paixões sexuais. Já disseram que os clássicos se transformam a cada leitura, é o que ocorre com os romances de Milan Kundera: O livro do riso e do esquecimento, A insustentável leveza do ser, A vida está em outro lugar, A brincadeira, A imortalidade são textos vivos, se rearranjam a cada leitura, espelham as mudanças nas nossas vidas, que por "mais atrozes, mais belas, mais esplêndidas que sejam", não tem o menor sentido. Aqui é impossível não citar Camus: "Antes se tratava de saber se a vida devia ter algum sentido para ser vivida. Agora, parece, pelo contrário, que será tanto melhor vivida quanto menos sentido tiver." Vale destacar que Kundera, com sua arte de escrever contra todos, registrou, provocadoramente, que conheceu Camus mais pelas polêmicas do que pelos livros. Aqui é preciso escrever contra o bardo tcheco, que foi injusto com o escritor argelino, autor de bons romances, como O estrangeiro e A peste; e dos ótimos ensaios O mito de Sísifo e O homem revoltado. 

Com Camus, é possível dizer que a vida será mais bem vivida se não tiver sentido. Com Kundera, esboça-se o passo seguinte, porque está estampado em todos os cantos do mundo que a existência não tem sentido, então se trata de não levá-la a sério e de explorar todas as possibilidades e ambiguidades da vida, fontes inesgotáveis do riso, que o digam Rabelais, Cervantes, Sterne e seus herdeiros, Kundera entre eles. 

O primeiro romance de Milan Kundera foi publicado em 1967, nas portas da Primavera de Praga, A brincadeira tornou-se um dos símbolos do movimento. O romancista tinha, na época, 38 anos, idade razoavelmente avançada para se publicar o primeiro romance, mas ocorre que Kundera poderia ter ido para o cinema, a crítica de arte ou para a música (aprendeu piano com o pai). Provavelmente caminhou para a literatura porque percebeu no romance a possibilidade de explorar as ambiguidades da vida. Exemplo. Um bilhete para a namorada virando peça-chave de acusação na Tchecoslováquia estalinista dos anos 1960, só porque estava escrito "O otimismo é o ópio do povo! O espírito sadio fede a imbecilidade. Viva Trotsky!" E aí, quando o bilhete é entregue para a cúpula do partido, não adianta e pioraria as coisas dizer que foi uma brincadeira, que o acusado sequer leu Trotsky... Porque tudo será usado contra o réu, que logo percebe que o caminho menos pior é se arrepender e se desculpar, o que não evita a ida para um campo de trabalhos forçados. Um bilhete para a namorada pode ser um passaporte para um campo de trabalhos forçados... São as ambiguidades da vida.

De Kundera parti para outros escritores tchecos, cheguei a Skvorecky, Habral, Klíma e Hasek. Todos valem a leitura. Cheguei também na Novelle Vague Tcheca, que produziu filmes de primeira, como Trens estritamente vigiados; As Margaridas; Um dia, um gato; A Brincadeira; Ninguém vai rir. Os dois últimos baseados em textos de Kundera e construídos com a participação do próprio. Segui todos os caminhos que partem, chegam e passam por Kundera. Provei cervejas tchecas (os tchecos são o povo que mais bebe cerveja no planeta). Me atrai o espírito zombeteiro tcheco, que vai do cinema à literatura e tem Milan Kundera como um dos maiores expoentes, provavelmente o maior. O que explica esse tal espírito zombeteiro? Talvez porque o país dos tchecos desaparece sempre que alguém decide fazer a guerra e invade outros países (a República Tcheca fica no meio do caminho, no centro da Europa). Talvez porque o idioma tcheco tenha sido uma espécie de segunda língua, falada em ambientes menos formais, o "idioma dos bordéis", que certamente não poderia ser sério. Vale lembrar que o tcheco Franz Kafka escrevia em alemão, mas o humor nos seus textos é diferente do humor da Primavera de Praga, deve ter a ver com os idiomas. Talvez o espírito zombeteiro tcheco tenha a ver com o fato deles serem campeões mundiais no consumo de cerveja por habitante.

Kundera não é apenas romancista, é também ensaísta dos grandes. Com tcheco consolidei o gosto por ensaios de romancistas. Depois dele passei por muitos textos do gênero. Dicas para os apreciadores: Carlos Fuentes (Geografia do romance), Coetzzee (Mecanismos internos), Elias Canetti (A consciência das palavras), Ferreira Gullar (Indagações de hoje), Orhan Pamuk (O romancista ingênuo), Susan Sontag (Ao mesmo tempo), Thomas Mann (Travessia marítima com Dom Quixote), Vargas Llosa (A linguagem da paixão, A civilização do espetáculo, A orgia perpétua), Ernesto Sabato (Antes do fim, O escritos e seus fantasmas, Apologias e rechaços, A resistência, Homens e engrenagens, Uno y el universo). Kundera escreveu os livros de ensaios A arte do romance, Os testamentos traídos, A Cortina e Um encontro. São textos vastos, profundos, saborosos e, sobretudo, inteligentes: vão do cinema à música, passando pela filosofia e, sobretudo, pela literatura. É curioso notar que, na primeira coletânea de ensaios que publicou, Kundera chega a comentar sobre seus personagens, o que não se repete nos três livros de ensaios que vieram depois, e a razão mais provável para isso é o romancista ter se dado conta de que seus personagens falavam, valiam e existiam por eles próprios (um escritor que comenta seus personagens não está convencido do valor da própria obra).    

Neste primeiro de abril de 2019, Milan Kundera completa 90 anos: "Nasci no dia 1º de abril. Não foi algo sem impacto no plano metafísico". Imagino o romancista num apartamento confortável. 1) Escrevendo romances. 2) Conferindo traduções de seus textos para outros idiomas (a vida longa, a erudição e a escrita direta e avessa a experiências de linguagem possibilitaram que autor revisasse e garantisse a qualidade das traduções de seus próprios livros, evitando eventuais mutilações e distorções). 3) Eliminando cartas, bilhetes, rascunhos, anotações e projetos inacabados. O bardo tcheco certamente sabe que não tem muito tempo de vida e que, morto, cartas, bilhetes, rascunhos, anotações e projetos inacabados serão caçados e, se encontrados, publicados. Como as cartas de Kafka, Flaubert e tantos outros. Espero que Kundera esteja escrevendo romances ou revisando traduções, mas é mais provável que esteja organizando sua saída da vida, tema recorrente em seus romances e contos. Na insustentável leveza do ser, numa espécie de testamento espiritual, Kundera pergunta o que restou de seus personagens (Tomas e Franz) e de figuras que passaram pelo livro (como os agonizantes do Camboja e Beethoven). Do libertino, Tomas, restou a inscrição “queria o reino dos céus na terra”. Do marido que queria distância da ex-mulher, Franz, restou a inscrição elaborada pela ex-mulher: “depois de um longo afastamento, o retorno”. Dos agonizantes do Camboja restou uma grande foto de uma atriz americana segurando uma criança amarela pelo braço. De Beethoven restou um homem triste com uma incrível cabeleira, que enuncia com voz soturna: Es muss sein! 

Indo por este caminho, a pergunta é inevitável: o que restará de Milan Kundera? 1) A vinculação à Primavera de Praga do lado “certo” da história (certo vai entre aspas porque qualquer leitor de Kundera aprende a desconfiar da vida e dos grandes julgamentos). 2) A inserção, com destaque, no que o próprio autor define como o terceiro tempo do romance, ao lado Hermann Broch, Robert Musil, Wiltod Gombrowicz e outros (porque não há arte fora da história da arte, o romance inclusive, como registrou o próprio Kundera). 3) A presença como ensaísta dos melhores e dos mais profundos assim que passar a maldição dos best sellers (tendência dos leitores a se limitar aos campeões de vendas e a ler um único livro de cada autor). Enfim, tenho a sensação de que vai restar de Milan Kundera exatamente o que o próprio gostaria que restasse: nem mais, nem menos. Não é pouco!

“MÍDIA, REALIDADE, SOCIEDADE HIPÓCRITA”

Sempre que alguém atira contra pessoas indefesas em escolas, creches ou igrejas, lembro de um dos primeiros casos desse tipo, talvez aquele que inaugurou a prática no país. Novembro de 1999, um estudante de medicina entrou numa sala de cinema do Morumbi Shopping, em São Paulo, para assistir o filme Clube da Luta. Durante a sessão o estudante levantou e foi ao banheiro, onde teria disparado pela primeira vez no espelho, destruindo a imagem de si próprio, o que certamente diz alguma coisa, mais foi pouco comentado; daí voltou, atirou para o alto e, por fim, nas pessoas presentes. Resultado: 3 mortos, 5 feridos, 1 preso.

Mas não é o fato em si que me vem à cabeça quando algum imbecil mata pessoas e se suicida, ou é preso, o que me vem à cabeça é o bilhete encontrado no lixo do atirador do Morumbi Shopping, onde se lia "mídia, realidade, sociedade hipócrita".

As propostas que surgem depois dos massacres são previsíveis e, provavelmente, ensaiadas em conjunto com a indústria bélica, porque por aqui se repete o padrão observado nos EUA: armar professores e funcionários, liberar o porte de armas de fogo, instalar detectores de metais nas escolas e nos shoppings, acompanhar as redes sociais para identificar psicopatas, colocar uma viatura em cada esquina... Mais e mais armas, como se as armas não tivessem nada a ver com as matanças... Mais e mais repressão, como se esta não tivesse nada a ver com a violência, e sem questionar por que é preciso ampliar cada vez mais a repressão. É onde me lembro daquele bilhete: "mídia, realidade, sociedade hipócrita". Ora, ora, mais armas? Mas é justamente o que querem os assassinos, em geral aficionados por morte, por armas e por ideias de extrema direita. Ora, ora, armar professores e funcionários? Mas eles não têm sequer recursos básicos para trabalhar.

Como o tempo e o esquecimento as perguntas que realmente importam deixam de ser elaboradas. O que seria um caso para sociólogos, psiquiatras, historiadores, psicanalistas, professores, estudantes, pais e a sociedade em geral, tende a se reduzir meramente a um caso de polícia.

Por que alguém é tão covarde a ponto de impor sua decisão de morte a quem não tem nada a ver? Por que a sociedade tem gerado cada vez mais indivíduos doentes? Quem não enfrenta seus fantasmas está condenado a ser atormentado por eles. A vontade desmedida de aparecer leva a se fazer qualquer coisa, inclusive matar e se matar: mídia, realidade, sociedade podre! É possível argumentar que, se as razões dos matadores fossem debatidas publicamente, mais gente mataria e se mataria. Mas isso só depõe contra a sociedade e seus fundamentos, que são frágeis como um doente terminal a quem não se informa sequer o diagnóstico. Enquanto isso, outros assassinos virão e, como raios, levarão a morte às escolas, ao metrô, às igrejas, aos shoppings centers, às entrevistas de emprego e até para as ceias de natal.

Numa conjuntura em que o entreguismo dá a linha e alinha o país aos USA, "das nove às seis", como um cachorro de madame, é sintomático que o Brasil tenha importado os matadores suicidas e, principalmente, os papagaios dos piratas da indústria bélica. Enquanto isso a geração pós-Coca-cola vai alterando os versos da canção: "Desde pequenos nós comemos lixo comercial e industrial, mas agora chegou a nossa vez, vamos cuspir de volta o lixo" em cima de nós mesmos.

NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma cidade
tinha uma cidade no meio do caminho
tinha uma cidade
no meio do caminho tinha uma cidade.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma cidade
tinha uma cidade no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma cidade

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Troquei "pedra" por "cidade" no  famoso poema de Carlos Drummond de Andrade, que "com suas palavras, intuições, símbolos e outras armas": combateu e denunciou  a então Companhia Vale do Rio Doce. Como notou José Miguel Wisnik, com a privatização, primeiro a Vale retirou o Rio Doce do nome, depois o matou. Quem ia ao Parque de Inhotim, maior museu a céu aberto do mundo, passava pela simpática Brumadinho, que era cortada pelo Rio Paraopeba: largo, vistoso, vivo. Ainda falta confirmar o óbito, mas o Rio Paraopeba deve ter sido assassinado pela lama, como o Rio Doce. Procurei entre as fotos que tenho mas não encontrei nenhuma do Paraopeba, talvez seja melhor ficar apenas com a imagem que guardo na memória. Abaixo um povoado visto do alto Parque do Inhotim. Não sei se as casas (da foto) foram cobertas pela lama, espero que não. De qualquer forma, ainda que o povoado da foto não tenha sido atingido diretamente, sabemos que novamente rios, peixes, bichos, cidades e pessoas foram assassinadas em nome dos lucros de um punhado de capitalistas (parasitas). No meio do caminho tinha cidade. Até quando?