CORDEL
DO DELEGADO POETA
Quinta-feira
de manhã
Que
me veio a novidade,
Delegado
deu patada
No
couro da autoridade.
Reinaldo
Lobo seu nome.
Riacho
Fundo a cidade.
O
preso no meio da cela,
Seu
crime? Receptação.
Ladrão
de motocicleta
Apodrece
na prisão,
Como
se fosse poeta
Na
doutrina do Platão.
O
inquérito da ocorrência
Vai
para a promotoria.
É
costume corriqueiro
Em
qualquer delegacia
Relatar
um ocorrido
Conforme
a burocracia.
Até
aqui vai tudo bem,
Rotina
do dia-a-dia,
Se
não fosse o Doutor Lobo
Incorrer
em rebeldia,
Relatando
a detenção
Em
forma de poesia.
Essa
eu nunca tinha visto,
Mas
se mantém o ditado:
A
lei nunca é para todos.
Se
repete o velho fado.
Proletário
é quem trabalha.
Burguês
manda no Estado.
Bandido
veste gravata.
Assalta,
mata, decreta.
Tem
riqueza e capital.
Acumular
é sua meta.
Isso
todo mundo sabe.
Mas
delegado poeta?
Então
lanço desafio:
Dr.
Lobo, se tens magia,
Como em
teu verso foi dito,
Se
tu amas a poesia.
Vai
prender o bom burguês
Que
me rouba a mais valia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário