POEMA PROLETÁRIO
Nossas bocas vão
mastigar
seus títulos de
propriedade,
suas togas e fardas,
seus contratos de
hedge,
suas algemas e
viaturas,
seus soldados e cães,
suas reintegrações de
posse.
Nossas bocas vão
mastigar
suas revistas de
fofoca,
seus condomínios
fechados,
suas opções de
compra,
seus passeios na
Disney,
suas tropas de
choque,
seus jornalistas de
aluguel.
Nossas bocas vão
mastigar
seus derivativos
agropecuários,
suas projeções de
lucro,
seus ternos
italianos,
suas balas de borracha,
seus barretes
doutorais,
suas pick-ups
importadas.
Nossas bocas vão
mastigar
suas terras griladas,
seus gases
lacrimogêneos,
suas commodities
agrícolas,
seus tribunais e
magistrados,
suas especulações
imobiliárias,
seus matadores de
aluguel.
Nossas bocas têm
fome.
Nossas bocas vão mastigar
sua classe social.
Argentina - 2017
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