AQUELAS
HORAS NO ARAÇÁ
Acontece
quando os passarinhos estão escondidos,
antes
de apontar o dia,
nos
momentos em que as nuvens realçam a lua.
Os
mortos saltam dos monumentos funerários
(também
chamados jazigos)
Escolhem-se
as esquadras
e
rola a bola.
É
o recreio dos finados,
a
hora mais feliz.
Os
dias se reduzem à espera
e
à escolha dos esquemas
e
posicionamentos.
As
escolas se apresentam.
A
retranca italiana é briosa
e
joga no bote.
A
ginga brasileira dribla as sepulturas,
dança
e encanta.
Os
platinos são elegantes,
avançam
tabelando a bola nas árvores.
Prevalece
a alegria
e
poucos problemas,
salvo
alguma vidraça quebrada.
Mas
um moço chora,
e
acompanha tudo com movimentos de pescoço.
É
o menino Jesus,
crucificado
sobre um sepulcro,
cristo
não pode jogar.
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