O GRÃO, DE PETRUS CARIRY
O Grão é um filme
binário. Solidão e silêncio. Amor e indiferença. Movimento e inércia. Morte e
vida.
Vegetação rasteira,
cabras e bodes, um cão, marido e mulher, avó e dois netos no Sertão do Ceará.
No início percorre-se
uma estrada qualquer dentro de um automóvel. A sensação é que se quer decolar.
As vidas são secas, como em Graciliano Ramos. Os diálogos são mínimos. E há um cão que não se chama Baleia.
Vive-se de cabras e bodes. R$ 0,50 por cabeça. Não há retirantes, mas vida e morte são severinas.
O detalhe marcante é a atualização do sertão nordestino para o século XXI. O silêncio é rompido pelo palavreado angustiante e vazio da televisão: a solidão se impõe.
O contraponto à solidão televisiva é a relação do neto com a avó. Pequeno grão de poesia entre os trancos e barrancos do Sertão.
O Grão. Brasil 2007. 88 min. Drama. Diretor: Petrus Cariry. Atores: Leuda Bandeira, Verônica Cavalcanti, Nanego Lira, Kelvya Maia.
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