RICARDO

Morre o rato, o gato, a barata.
Morre o velho, o homem, a criança.
Tudo morre.
E o rapaz morreu,
pelas próprias mãos,
“como um cão”,
como Josefh K.

Para o poeta:
matar-se é a coragem para a burrice.
Para o economista:
o custo de viver é maior que o benefício.
Mas a mãe não pensou nada,
nem o pai.

Foi numa tarde de domingo,
ele extinguia-se
com a noite que descia.

Apenas o irmão avança
(os pais param na porta: paralisados).


Miram-se os gêmeos,
Um no terno de culto,
o outro enforcado na corda.
Sem desespero:
os olhos se procuram,

tranquilos.
Um tiro seco inviabilizaria aqueles olhares
e aquele silêncio.
Fim.





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